Eu ouço essa música como quem ouve um mantra. Faz tantos anos que eu estou sempre em busca de algo: uma procura, uma escola, um lugar. E quando eu achei que tinha encontrado um lugar, me vi isolada de tudo que amava em um quarto fedido com pessoas desprezíveis.
Eu sei que precisa mudar. Sei que sou eu a pessoa que nunca está satisfeita com nada e que precisa fazer as coisas sozinha, já que tenho quase dezenove anos e está na hora de agir como uma adulta. Mas o meu corpo não tem mais energia para isso.
Só dessa vez eu queria parar. Desligar os motores e voltar umas duas semanas depois.
Acho que escrevi todo esse dramalhão para dizer que eu quero férias. E talvez voltar para casa.
Eu escrevo este post depois de ter chorado por uma hora inteirinha na terapia. Passei todo esse tempo chorando por que eu peguei o ônibus errado semana passada e perdi uma palestra, então eu comecei a chorar no ônibus. A única coisa que me consolou foi ter parado em uma livraria de fundo de quintal e encontrado a coletânea de quadrinhos curtos da Tillie Walden. Quero falar mais sobre isso no futuro.
ENFIM. No post de hoje, gostaria de compartilhar convosco alguns dos meus planos de Natal, já que eu estou guardando segredo para fazer surpresa pra minha família e gosto de falar sobre isso mesmo assim. Este é o primeiro ano que eu vou tentar dar presentes para as pessoas próximas de mim, estou muito nervosa e muito animada ao mesmo tempo.
Até agora os meus planos de presentes estão assim:
Mãe: brincos verdes comprados na lojinha do museu que eu gosto de ir estudar.
Pai: caderninho e canetas de uma marca de papelaria que ele gosta e nunca encontra (ainda preciso comprar e gaslightear ele pra ele não comprar antes).
Ivana: uma aquarela do Miako feita por mim.
Primo #1: Gostaria de dar o Spinning da Tillie Walden, mas tenho medo do quadrinho ser meio pesado e dar gatilho. Penso em dar um exemplar de Bungou Stray Dogs Beast também, já que nós dois gostamos desse anime.
Primo #2: Um dicionário de russo(?) Alguma coisa sobre russos, com certeza. Ele passa a madrugada toda jogando LoL com russos. Ele não tem muitos livros, então eu queria dar algo de ler.
Kay: É difícil guardar segredo dela, mas eu queria dar algum sketchbook massa. Tem uns muito fofinhos na livraria da faculdade e que eu consigo desconto:)
Pessoa muito especial #1 que lê o meu blog às vezes, então eu tenho que esconder o nome: Um livro em inglês do S******* H***** e outro em português do C*****. Com uma cartinha escrita a mão por mim.
Pessoa muito especial #2 que também lê o meu blog às vezes, então eu também tenho que esconder o nome: Estou pensando em dar um CD da M***** ou do N**. Quero dar alguma coisa da H**** K**** para ela também, já que ela é apaixonada por isso. Com uma cartinha escrita a mão por mim também, óbvio.
Sim, nós fizemos amigos. E eles são melhores do que a gente imagina.
Nós ficamos bêbadas e fomos para uma balada. Mais de uma vez.
Nós saímos com os nossos amigos nos fins de semana e depois da aula. A gente jogava baralho na praça de alimentação do shopping e bebia café gelado com caramelo.
Nós melhoramos muito a nossa relação com os nossos pais.
Com o nosso avô e o Duduzinho também. Nós visitamos muito eles e você vai se apegar muito ao Dudu.
Nós vamos morar sozinhas mais cedo do que você imagina.
Mas a Bebé vem morar conosco, então fica tudo bem.
Por sinal, vamos tatuar a Bebé na perna. Do jeito que você planeja desde 2020.
Nós vamos turistar por Curitiba com a Kay - e nós vamos comer katsudon juntas, do jeito que a gente combinou em 2016.
Nós vamos aprender a tomar vacinas sem a mamãe do nosso lado.
Nós também vamos sair do armário. E vai ficar tudo bem. Eles vão te aceitar.
A gente vai conhecer a Casey McQuiston. Ela vai autografar o nosso Vermelho, Branco e Sangue Azul.
A gente vai finalmente ser aceita em um curso superior no exterior. Depois de seis anos querendo isso.
E nós vamos nos mudar de país também.
E você vai estudar fora, mas vai ser bem pior do que você imaginou.
A gente vai ter que andar de avião sozinha. É bem assustador, não queremos fazer isso mais vezes. Levou um mês para pararmos de ter pesadelos com aviões.
Nós vamos sentir a xenofobia e o isolamento na pele e dos jeitos mais duros possíveis.
Nós vamos nos apaixonar pela América Latina.
O Lula vai realmente vencer as eleições. Acabou. Não precisa mais ter medo do B0zo.
Vamos conhecer Sheffield. Lá é bem legal mesmo.
Você vai morrer de saudade dos seus amigos. Você sente muita falta mesmo deles.
Você vai se sentir perdida, sozinha e desesperada. A sua cabeça vai piorar de novo. É pior que 2020. Nós ainda não sabemos como vamos sair dessa.
Mas faltam só 13 dias para você ver os seus pais de novo. E eu tenho a sensação de que com eles vai ficar tudo bem.
e eu me sinto estúpida por estar reclamando tanto em uma posição tão privilegiada. mas a cada olhar torto, a cada pessoa me ignorando, a cada violência tão pequena e tão agressiva, eu sinto parte de mim morrer.
eu sou uma bexiga sem ar tentando flutuar. e flutuar está sendo cada dia mais difícil. não sei por mais quanto tempo eu vou aguentar isso.
eu sei que voltar no tempo não me garante que as coisas continuem como estavam. mas eu tenho saudade de como elas eram. e eu tenho saudade de me sentir em casa.
Faz muito tempo desde a última vez que nós conversamos. Não é exagero dizer que a minha vida mudou completamente de lá para cá. A sensação de ver um sonho tão antigo seu se tornando realidade é mágica, mas também bem assustadora ás vezes. Acho que é com este sentimento que eu estou lidando.
Não vou fazer promessas de volta por que sei que não vou ser capaz de cumprir. Mas posso prometer que não vou me esquecer daqui. E que volto ocasionalmente. Você aceitaria?
Eu sei que tenho muitas coisas para fazer. O fim de semestre na faculdade está bem atarefado. Escrevi uma resenha do meu livro favorito - Rádio Silêncio - para a facul, e pretendo postar ela aqui, já que eu gostei muito do resultado (e a professora também diz que gostou, morri de orgulho). Além disso, queria agradecer a Lana por ter feito um quote da minha última postagem. Eu dei pulinhos de alegria quando vi! Posso não ser uma comentadora muito assídua, mas leio todos os seus posts e adoro o seu conteúdo.
Agora que já dei algumas atualizações rápidas da minha vida, tenho algo importante a dizer: eu fui na minha primeira parada LGBTQ+!
No fim do terceirão, eu ganhei um apelido dos meus companheiros de ensino médio: orgulho da OMS. Parei de ir para a escola presencial no dia 13 de março de 2020 e, mesmo quando as aulas voltaram, escolhi ficar em casa até me vacinar. Até hoje, só saio de casa usando PFF2 e evito lugares muito aglomerados. Isso me fez perder uma boa parte do ensino médio e da adolescência, mas também permitiu que nem eu nem os meus pais ficassem doentes (e eu entendo que, no país que moramos, poder ter ficado tanto tempo em casa infelizmente é um privilégio).
É obvio que, nesses dois anos de reclusão, eu mudei. Passei tempo até demais com a minha própria companhia e reavaliei todas as partes da minha vida. Comecei a gostar de coisas novas, deixei outras (muitas) de lado e criei objetivos diferentes para mim. Ficar dois anos sozinha é completamente enlouquecedor, mas também é algo que te transforma.
Quando os primeiros sinais de luz no fim do túnel apareceram, eu me identifiquei totalmente com as tendências que eram anunciadas: eu queria diversão! Queria coisas coloridas, escapar dessa realidade tão cruel, sair ao máximo, viver novas experiências e aproveitar a vida para compensar os dois últimos anos.
E eu fiz isso. Com cuidado, mas fiz. O contador de experiências novas de 2022™ está explodindo com tantas coisas novas. Poderia fazer uma postagem com o tamanho de uma tese de doutorado só de novas vivências pós-vacina (já que pandemia ainda não acabou, vou dividir a minha vida em pré-vacina e pós-vacina). Só tem um porém: eu estou cansada.
Antes de começarmos, queria dar uns avisos paroquiais sobre algumas mudanças que fiz aqui. Agora este blog tem uma página sobre mim, na qual você pode descobrir o meu mapa astral, cheiro favorito e o que eu gosto de fazer no tempo livre. Também temos uma biblioteca de links com alguns dos meus interesses atuais.
Para mim, o HTML/CSS sempre foi uma espécie de monstro de sete cabças, mas estou começando a me divertir tentando personalizar menus e criar botões. Quem sabe isso não vira um novo passatempo, não?
Agora... indo ao assunto principal (e com título autoexplicativo): title tracks do KPOP que não sejam sobre o amor.
Eu fui para o estúdio ouvindo esta música. Ela é infalível em me deixar animada.
(Este post foi escrito no dia 5/6/22) A minha mãe tem uma tatuagem de passarinho no pescoço. Está em um ângulo que ela raramente vê, mas eu sempre vi o desenho tatuado. Acho que foi isso o que me influenciou tanto assim a fazer uma tatuagem.
Desde os 12 anos, eu gosto da ideia de fazer tatuagens e piercings. A ideia de ter um desenho marcado na sua pele pelo resto da sua vida é assustadora e encantadora ao mesmo tempo para mim. E no meio do isolamento em 2020 eu caí no buraco de coelho que são os vídeos de tatuagem do YouTube. Foi ali que tive uma epifania: se você vai ter algo marcado no seu corpo para sempre, então precisa ser algo que você vai gostar para sempre. E tem outra coisa que possui o meu amor eterno além da minha gatinha de estimação?
A ideia já borbulhava na minha cabeça até algo importante acontecer no meu terceirão: a cachorrinha do meu professor de matemática morreu. E ele tatuou a patinha dela no braço depois disso. Naquela semana, outra ficha caiu: não quero esperar perder as coisas que eu amo para demonstrar que amo mesmo elas.
Já contei para vocês o padrão da minha vida? Em todo ano de copa do mundo, alguma merda gigante acontece comigo. Não quero dar exemplos, mas entendam: sempre alguma coisa péssima acontece comigo em ano de copa.
Quando começou 2022, eu já estava começando a me preparar emocionalmente para a potencial tragédia desse ano. Qualquer coisa poderia acontecer, de verdade. Pensei que nada mais poderia me impressionar.
E acho que foi mais ou menos por causa disso que eu passei os últimos dias pensando um pouco sobre a Cecília de catorze anos, 2018, Copa da Rússia. Coitada. Nunca tinha ouvido falar em hidratação de cabelo na vida. Não soube lidar com coisas tristes e então resolveu se dedicar de corpo e alma a uma boyband. Acreditava mesmo que jaehyungparkian era um casal escondido da mídia (risos).
Levei um mês para fazer amizade com o barista do café que fica do outro lado da rua. Ele já me reconhece e sabe o café que eu gosto de pedir. É algo pequeno, mas já me sinto feliz em ver um rosto familiar (e que também me considera familiar).
Digo o mesmo para a lavanderia que vou. Em três idas, já conheci uma professora de inglês que ama gatos, um criptobro que veio do Acre e um trio de amigos que gosta de ler (e que não gosta da Taylor Swift). Eer estes encontros com estas pessoas tão específicas me deixa sempre intrigada para ver qual será a próxima história que eu vou ouvir quando for lavar a roupa.
A tia do RU, que é sempre muito querida com todo mundo, por mais que eu imagino que o trabalho dela deva ser extremamente exaustivo.
O canudinho sabor morango que eu colocava no copo de leite morno quando era criança. Passei anos sem saber onde encontrar esse docinho novamente, mas finalmente achei (e o sabor continua maravilhoso).
Quando eu tive a desculpa perfeita para ficar tagarelando sobre a semelhança do luxemburguês com o francês e o alemão, e a turma achou interessante. Sempre achei que essa era uma obsessão esquisita e que ninguém queria muito ouvir, então achar outras pessoas que acham isso legal aqueceu o meu coração.
A escola de alemão. Uso qualquer desculpa para ir lá. Eu amo a atmosfera daquele lugar, todos os títulos da biblioteca e as construções que têm naquela região. Me sinto dentro de um filme do Studio Ghibli quando ando por ali. Aquele lugar lembra do meu sonho distante de um dia passar seis meses "sabáticos" apenas estudando idiomas (algum dia, algum dia).
As vezes que os meus amigos vieram na minha casa. Isso não era comum antes, já que eu morava longe e não tinha muitos amigos. Mas sempre que eles vem, eu sinto o tempo voar, e tudo fica muito divertido.
Eu ter conseguido fazer amigos? Como alguém tímida e muito introvertida, sempre morria de medo de não conseguir fazer amizade com ninguém, mas consegui entrar em uma panelinha que gosta das mesmas coisas que eu. (E isso me deixa contente demais).
A forma como isso tudo não foi intencional e não precisava acontecer, mas aconteceu, e foi muito gentil comigo.
A vida têm sido mais doce comigo nas últimas semanas. E eu sinto que isso precisa ser dito também. Muito obrigada por estar sendo muito melhor do que eu imaginei.
Quando recebi uma das notícias que mais balançou o meu mundo, estava sentada no meio-fio de uma rua que costumava amar passear, em frente a uma loja que sempre achei bonita, mas que tinha fechado recentemente.
Lembro que estava tomando um café que considerava ser um dos meus favoritos - só perdendo para o finado capuccino do Bloco 23 - e me recordo de ouvir a solene notícia e começar a sentir o café amargar e ficar ácido na minha boca.
O meu mundo havia caído e tudo o que eu gostava estava entrando em decadência. E eu, que sempre sonhei em sair da minha bolha de conforto, pela primeira vez reparei que ela era cômoda. E a ver estourando doía.
Um mês e meio depois, fui entrar no shopping de perto da faculdade e vi que a loja fechada não tinha acabado. Estava apenas em um endereço novo. Em um lugar grande e de destaque no shopping. O café também tinha aberto uma filial maior. Eu tinha me adaptado ao mundo brutal e estranho que se abriu para mim, e estava tentando mais uma vez realizar o meu sonho.
Fiquei pensando sobre isso desde então. Acho que o maior aprendizado que consegui extrair foi de que, os mundos em que vivemos não simplesmente acabam. Eles mudam, se adaptam, ficam pequenos demais para as nossas bolhas e vão procurar lugares maiores para habitarem. Mas eles nunca somem, só se somam com os novos que descobrimos.
Não passeei mais naquela rua, mas descobri novas ruas tão agradáveis quanto. E eu sei que posso voltar lá quando quiser.
Este filme segue a história de Shizuku, uma menina prestes a começar o ensino médio e que ocupa os seus dias lendo e seguindo gatos pelas ruas de Tóquio. As coisas começam a mudar quando ela percebe que todos os livros que pegou emprestado na biblioteca haviam sido também lidos pelo mesmo garoto. Shizuku resolve se aprofundar no mistério da identidade deste menino e, com isso, somos levados ao íntimo do seu consciente.
Sussuros do Coração é o meu filme preferido do Studio Ghibli (e provavelmente da vida) por um motivo muito simples e um pouquinho egocêntrico: eu me identifico pra caramba com a Shizuku.
Os devaneios, a obsessão inexplicada por certos temas, a paixão pela escrita/leitura e a insegurança são todos elementos muito presentes na minha vida e na vida da protagonista. Mesmo estando a poucos dias de começar a faculdade, ainda sinto que não encontrei exatamente a minha vocação e objetivo de vida. E tenho plena consciência de que, assim como Shizuku, meus pontos positivos ainda precisam ser desenvolvidos - ou "polidos", como nós vemos ao longo do filme.
Também, assim como Seiji (um personagem muito importante para a trama, mas que eu não vou dar contexto a ele para não dar spoilers), anseio por uma aventura. Mesmo sabendo que ela pode acabar não atendendo todas as minhas expectativas.
E, como falar sobre "Sussuros do Coração" sem falar sobre gatos? Os meus animais preferidos tem uma importância chave para a história, e foram tão amados pelo público que, poucos anos depois, ganharam o seu próprio filme e desenvolvimento em "O Reino dos Gatos". Diga-se de passagem que, "O Reino dos Gatos" foi o meu primeiro anime e contato com a mídia japonesa na minha vida, e eu não acho que poderia ter tido uma introdução melhor. Se você também se apaixonou pelo romance do Barão e quer um Muta/Moon para si, então a "sequência" deste filme é uma ótima escolha.
E, para finalizar, não tem como elogiar este filme sem também aplaudir Yoshifumi Kondo. O diretor deste filme foi um marco para a história do Studio Ghibli, sendo o primeiro nome a dirigir uma obra do estúdio sem ser Hayao Miyazaki. Kondo, inclusive, chegou a ser cotado como um nome revelação para o futuro do Ghibli, mas infelizmente morreu poucos anos depois aos 47 anos.
Um filme totalmente singular no meio de todas as produções do Studio Ghibli. Confesso que, se você está começando a assistir os filmes do estúdio, talvez "Sussuros do Coração" não seja a melhor opção para começar, já que é um filme mais "urbano" e focado no drama dos personagens. Mas, se você tiver o coração aberto para uma história fantástica, tenha certeza que este filme não vai te decepcionar.
PS: Tem na Netflix.
PS2: Assista com legendas em português. A tradução para o inglês destruiu alguns dos diálogos mais bonitos do filme todo.
